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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Entrevista com o MF Cesar Umetsubo, revelação do 80º Campeonato brasileiro absoluto.

(Umetsubo, 3º lugar. Primeiro à direita)

A última edição do campeonato brasileiro absoluto de xadrez teve um atrativo a mais: um MF que estava vencendo os grandes nomes do xadrez nacional como Yago, Di Berardino, Molina, Jatobá, etc... Ganhou até o apelido de "Samurai do xadrez" que lhe foi outorgado pelo grande Fernando Melo (PB). Com um jogo "simples" e posicional o MF Umetsubo chamou a atenção de todos pela enorme força demonstrada, não é fácil jogar uma final de brasileiro. Abaixo temos uma entrevista rápida com o mestre Umetsubo que nos atendeu prontamente e foi bastante atencioso, razão pela qual desde já agradecemos.

Bom dia, César! Gostaria de agradecer mais uma vez pela atenção e disponibilidade para responder às perguntas da entrevista!

1. O seu início no xadrez. Quando você percebeu que o xadrez faria parte de sua vida?

Bom dia, Armando. Bom dia, Garanhuns. Sabe, essa percepção de o que vai fazer parte da vida não me é comum. Sei lá... vida é vida... dizem que passa rápido.


2. Qual a importância do xadrez na sua vida e como você avalia a importância do xadrez escolar?

Com o xadrez conheci pessoas interessantes, fiz muitos amigos, alguns amores. O xadrez me levou pra lugares distantes, me deu momentos inesquecíveis. Pra mim, trabalhar com xadrez é absurdamente mais prazeroso do que com as demais profissões ao meu alcance.
Há muitos trabalhos acadêmicos sobre os benefícios do xadrez na educação, mas posso listar alguns: respeito, raciocínio, competitividade e urbanidade. Existe um mito de que há requisitos para se jogar xadrez, como paciência, concentração, memória, etc. Eu acho que não. Conheço crianças e adultos hiperativos que jogam e eu não tenho memória nem pra me lembrar onde deixei minhas chaves.
Do ponto de vista de quem paga, a atividade necessita pouco investimento: uma pequena sala, pouco material, pouquíssima manutenção e um bom instrutor, não necessariamente um forte jogador. Se um dia sumir o material, o xadrez pode ser praticado às cegas.


3. Você tem treinador de xadrez? Na sua opinião, é possível um jogador de nível médio (2100-2200) evoluir sem um treinador de xadrez, pois hoje em dia os programas de xadrez são bastante avançados?

Infelizmente não tenho um treinador.
Na minha opinião, é possível evoluir sem um treinador. Mas é mais difícil. Acho que a evolução necessita reflexão, perguntas e respostas. Saber o que se perguntar e encontrar as respostas pode ser difícil e pode-se errar. Os resultados também podem ser cruéis e frustar o enxadrista que duvida da própria evolução.


4. Qual seu momento mais feliz no xadrez e qual o mais difícil?

Acho que vivo o momento mais feliz. Nunca tive tanta notificação no facebook, nem no aniversário.
O momento mais difícil foi quando abandonei o xadrez, aos 16 anos. É sempre tão difícil terminar um relacionamento, né?


5. Como é a sua vida fora do xadrez? Tem outras paixões além do nobre jogo?

Tenho uma faculdade a terminar. É uma dívida que me pesa na consciência.
Gosto de filmes e desenhos animados. Até vou em eventos de anime. Também gosto de judô e de gaita. Era viciado em alguns games, hoje estou curado.


6. Você joga bastante o sistema London que é considerado uma abertura não muito promissora para as brancas em comparação com os tradicionais 1.e4 e gambito da dama, porém, no chessbase 11 você possui um score de 70% (!!!) com esse sistema. Como surgiu essa preferência por esse sistema e o que mais te agrada nele?

Realmente depois deste brasileiro tive que agradecer a London por alguns pontos que consegui. Concordo que este sistema não é muito ambicioso. Até acho uma abertura didática e simples, mas iniciantes não devem ser preguiçosos e tornarem-se dependentes dela. Pode comprometer o crescimento do jogador.
Tenho estudado para ter um melhor repertório, mas quando meus adversários são mestres, eles exige de mim um grande domínio do que estou jogando. Se eu enfrentá-los nas principais aberturas, ainda terei desvantagem por eu conhecer tão pouco.
Na London, podemos sair equilibrados na abertura, mas eu estudei e pratiquei mais suas posições do que as das aberturas mais populares.
Um mês antes do Brasileiro, joguei um torneio que eu não vencia os jogadores de 1900 nas Sicilianas. Tomei tanta porrada que me agarrei na London pro Brasileiro.


7. Uma das grandes discussões sobre “o melhor de todos” gira em torno de Kasparov e Fischer. Qual sua opinião a esse respeito?

Pra mim é muito difícil comparar a força dos dois. Acho que Kasparov contribuiu mais para o xadrez porque infelizmente o Fischer sumiu muito cedo. Até assisti um documentário do Bobby ano passado que me emocionou.
Quem é o melhor de todos os tempos? Fico com Kasparov.


8. Outra característica que pudemos perceber em seu jogo é seu alto nível nos finais. Você sempre estudou bastante finais ou esse talento é inato e você não estudou tanto assim?

Obrigado pelo elogio.
Eu era um aluno muito preguiçoso, mas acho que aprendi algo por osmose nas aulas do Hélder e do Pelikian.
Ja beijei algumas vezes o Endgame Strategy, agradecendo por conseguir algum ponto, por fazer o que o Shereshevsky mandou.


9. Qual partida dessa última final de brasileiro você considera a sua melhor?

Difícil, mas escolho a partida com o Molina.


10. A derrota para Toth influenciou no seu resultado seguinte, pois, você empatou rapidamente?

Sim. Se eu tivesse vencido ainda estaria numa boa disputa pelo primeiro lugar. Com a derrota, realmente ficou muito difícil. O segundo e o terceiro lugar para mim não tinham muita diferença, pois ambos me dariam conquistas semelhantes. Então meu plano de torneio passou a ser ficar entre os 3.
Após a derrota, almocei com Vinícius Rego. Eu ainda estava abalado com a partida que perdi. Também estava mentalizando para me esquecer dessa mágoa e focar para a partida com Luismar.
Para o plano do torneio, eu tinha em mente que o empate com Lulu era um bom resultado. Ao longo da abertura desta partida, percebi que eu ainda estava meio estranho, abalado, desconfiado de mim mesmo. Por isso ofereci empate. Eu precisava de um descanso para as ultimas 2 partidas.


11. Principais objetivos a curto e a longo prazo?

Curto prazo: terminar a faculdade, alcançar 2400 pra virar MI, encontrar a mulher da minha vida.
Longo prazo: virar gm, aprender a tocar gaita, aprender a falar japonês, ainda estar com a mulher da minha vida.


12. Como você avalia a organização da final e se tem planos de jogar no nordeste nesse ano?

A Final estava bem organizada. Poucos erros da organização.
Pretendo jogar o Continental no RN.


13. Quais os melhores livros de xadrez que você já estudou?

◦ Endgame Strategy – Shereshevsky
◦ Pense, Jogue e Treine como um GM – Kotov
◦ Zurich 1953 – Bronstein
◦ Manual do Xadrez – Nunn (péssima tradução)


14. Agradecemos pela entrevista e desejamos muito sucesso pra você em 2014! Um abraço!

Eu que agradeço a atenção de vocês. Desejo bom ano e boas partidas para todos os enxadristas.


Segue, abaixo, a partida escolhida pelo MF Cesar Umetsubo como sendo a sua melhor nessa final de brasileiro





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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Início das atividades do CXG com o tradicional Torneio da Amizade


Terá início no dia 12/01/2014 as atividades do Clube de xadrez de Garanhuns, com o seu já tradicional "Torneio da amizade" que será realizado na sede do CXG. Esse torneio marcará também o início da nova gestão do clube com sob o comando do presidente José Mário que assumiu o clube para o próximo biênio (2014/2015) no lugar do querido amigo Argemiro Oliveira.

Mais informações no folder do evento acima!