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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Ataque ao rei centralizado - aula 1: vantagem de desenvolvimento

(Este artigo é dirigido, principalmente, aos professores e alunos de xadrez)

O rei no centro, em regra, não está seguro. Conforme avança a partida é conveniente colocá-lo em segurança mediante a realização do roque. Quando o rei permanece no centro, ele pode converter-se em um fácil objetivo de ataque. Os métodos de ataque quase sempre consistem em abrir mais a posição do centro do tabuleiro, seja com sacrifícios de peças ou com rupturas.

TEMA 01: vantagem de desenvolvimento.

Quando na abertura, um dos jogadores descuida de seu desenvolvimento, logicamente fica com menos peças em jogo e por isso não tem tempo ou oportunidade de fazer o roque. Esta é a situação propícia para o jogador que ataca o rei no centro, já que além de ter mais peças jogando o rei inimigo está, ainda, centralizado.

O seguinte exemplo é bem ilustrativo:

Browne - Quinteros
Wijk aan Zee, 1974

1.e4 c5 2.Cf3 d6 3.Bb5 Bd7 4.Bxd7 Dxd7 5.c4 Dg4 (esta jogada contradiz os mais elementares princípios do desenvolvimento.No lugar de seguir desenvolvendo as peças com 5...Cc6 ou 5....Cf6 as pretas embarcam numa perigosa aventura, indo em busca de ganhar apenas 1 peão.) 6.O-O Dxe4?! 7.d4! (muito bem jogado! O objetivo das brancas é abrir o centro, para que sua vantagem de desenvolvimento seja incrementada.)7...cd4 8.Te1 Dc6?(8...Dg4) 9.Cxd4 Dxc4?! 10.Ca3 Dc8 11.Bf4 Dd7 12.Cab5 e5 (agora as brancas tem a oportunidade de pôr em prática um importante princípio. Com uma vantagem muito grande de desenvolvimento o jogador tem que tratar de encontrar uma linha forçada para fazê-la valer, soluções concretas, pois, de outra maneira, a vantagem poderia diminuir.) 13.Bxe5 de5 14.Txe5 Be7 (14...Ce7 15.Cf5 Dxd1 16.Txd1.) 15.Td5 Dc8 16.Cf5 Rf8 17.Cxe7 Rxe7 18.Te5, abandonam. 1-0.

Esta partida foi um caso extremo de falta de desenvolvimento, porém, vale a pena prestar atenção na maneira que as brancas se proveitaram desse fator. Abaixo, a partida no visor pgn.






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Outro exemplo de ataque ao rei centralizado é o que vemos nessa próxima partida jogada pelo grande Mikhail Tahl.

Tahl - Tringov, Amsterdam, 1964

1.e4 g6 2.d4 Bg7 3.Cc3 c6 (uma jogada típica desse sistema, mas que não deixa de ter certos defeitos, pois atrasa o desenvolvimento) 5.Bg5 Db6 (as negras iniciam um ataque sem fundamento. Esse tipo de jogada prematura é sempre arriscada, principalmente na abertura sem haver completado o desenvolvimento.) 6.Dd2 Dxb2 7.Tb1 Da3 8.Bc4 Da5 9.O-O e6 10.Tfe1 (Uma jogada típica nessas posições. As pretas tem dificuldades para completar seu desenvolvimento e por isso as brancas se apressam e colocam todas as suas peças em atividade. Em poucas jogadas veremos a importância que essa torre terá no ataque.) 10...a6 11.Bf4 e5?! (quando um lado está muito atrasado no desenvolvimento não é conveniente abrir o centro, principalmente quando o rei ainda está lá. Aqui seria melhor 11...Dc7) 12.de5 de5 13.Dd6! (Tahl jamais deixaria passar uma oportunidade dessa!) 13...Dxc3 (13...ef4 14.Cd5 cd5 15.ed5 Be6 16.de6 f6 17.Txb7, com terríveis ameaças.) 14.Ted1 Cd7 15.Bxf7 Rxf7 16.Cg5 Re8 17.De6, 1-0

Mais uma bela demolição do grande mestre Mikhail Tahl.
Abaixo, a partida no visor pgn.





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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A importância do conhecimento "elementar" de finais

Para quem deseja trabalhar seu nível técnico de finais é de vital importância ter uma base sólida, focalizando as mais importantes posições teóricas, principais ideias e técnicas. Como regra, este conhecimento fundamental consiste de um pequeno número de posições simples, típicas; mas essas posições precisam ser completamente compreendidas e memorizadas.

Infelizmente, muitos jogadores-incluindo alguns muito fortes-não tem feito essa "lição de casa", e como resultado sua compreensão dos finais de partida é caótica e insegura. As consequências normalmente são trágicas! 

Você saberia jogar corretamente esses finais abaixo que são considerados "finais de iniciantes"? 


                                  (brancas jogam e empatam)


                                  (brancas jogam e ganham)


                                  (pretas jogam e empatam)

Realmente trata-se de posições bem simples (??), porém durante a partida, com pouco tempo no relógio, podem se transformar em dor de cabeça para o jogador.

Um dos exemplos mais brilhantes de conhecimento "básico" de finais jogado em alto nível é o seguinte:
Essa partida foi disputada em 1998, no torneio de Linares entre Topalov - Shirov. Aqui as pretas tem vantagem material, porém, os bispos de cores opostas diminuem drasticamente essa vantagem devido à tendência desses finais serem empate. Shirov fez uma grande jogada para abrir caminho ao seu rei para a ala da dama e consequentemente venceu com grande mérito.

1....Bh3!! 2.gh3 Rf5 3.Rf2 Re4! 4.Bf6 d4 5.Be7 Rd3 6.Bc5 Rc4 7.Be7 Rb3, ganhando.

De fato, a palavra "finais elementares" ou "conhecimento básico" devem ser revistas!

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

INAUGURAÇÃO DO CLUBE DE XADREZ DE BEZERROS-PE


Foi inaugurado no último sábado, 15/02/2014, o Clube de xadrez da cidade de Bezerros. Trata-se de um belo espaço para a prática do nosso amado esporte e contou com o esforço e abnegação dos enxadristas locais para ter êxito. A inauguração contou com figuras importantes do xadrez e da política, como o mestre FIDE Marco Asfora e o atual campeão pernambucano absoluto Rafael Cabral, além de Carlos Capivara que é um dos melhores jogadores do estado. 

O prefeito do município de Bezerros, Severino Otávio, também marcou presença prestigiando a festa.
No final do torneio de inauguração os vencedores foram os seguintes:
1.Carlos Capivara
2.Rogério Menezes
3.Vitor Cesar
4.Carlos Augusto
5.Jesseildo Amorim
Abaixo a foto dos vencedores
Da esquerda para direita: Rogério, Capivara, Vitor e Carlos Augusto.

Mais imagens do Clube bezerrense de xadrez!








Mais uma vez, parabéns pela conquista desse novo espaço! Vida longa ao Clube bezerrense de xadrez!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Desafiando Euclides!

Euclides de Alexandria foi um professor, matemático e escritor possivelmente grego, muitas vezes referido como "o pai da geometria". (300 AC)

Sabemos muito bem que xadrez e geometria tem vários pontos em comum, principalmente nos finais de partida. Alguns desses finais são verdadeiros "desafios a Euclides!". Abaixo, dois exemplos clássicos de geometria no xadrez, ou seria de xadrez na geometria?

O primeiro exemplo é bem conhecido. Trata-se de uma criação do enxadrista tcheco-eslováquio Richard Reti, em 1921. 
As brancas, à primeira vista, estão numa posição sem esperanças. A marcha do rei em diagonal (Rg7, f6, e5, f4, g3, h2) não leva mais nem menos jogadas do que a marcha em linha reta (Rh7, h6, h5, h4, h3, h2). No entanto, o rei branco pode tentar auxiliar o seu próprio peão para coroá-lo, e isso faria com que as brancas ganhassem vários tempos preciosos que seriam suficientes para salvar a partida. Vejamos como continuou:
1.Rg7 h4 2.Rf6 Rb6 (2...h3 3.Re6 Rb6 4.Rd6 empata) 3.Re5 Rxc6 4.Rf4 e as brancas empatam graças a marcha indireta do seu rei que fez as pretas perderem 2 valiosos tempos (...Rb6 e ...Rxc6).

Esta mesma ideia surge em muitos finais práticos, como o seguinte: Em. Lasker x Tarrasch, 1914
Tarrasch simplificou a posição imaginando que o final estava ganho já que seu rei poderia deter o peão "h" do branco enquanto seus peões da ala da dama se imporiam aos brancos. De fato, após 40.h4 Rg4 41.Rf6 c4 42.bc4 bc4 43.Re5 c3 44.bc3 a4! -+ não há maneira de evitar a coroação do peão preto. 
No entanto, após 40.h4 Rg4 Lasker jogou 41.Rg6! (ameaçando 42.h5) e, após o forçado 41...Rxh4 o rei branco ganhou um tempo vital para voltar através de uma diagonal diferente, a qual não está obstruída pelos próprios peões brancos. A partida seguiu com 42.Rf5 Rg3 43.Re4 Rf2 44.Rd5 Re3 45.Rxc5 Rd3 46.Rxb5 Rc2 47.Rxa5 Rxb3, empate.

Geometria pura aplicada ao xadrez! Dois excelentes exemplos do quão difícil é jogar bem os finais de partida.