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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Mark Dvoretsky e seu método de treinamento. Parte 1.

                    Escrever a respeito de qualquer pessoa é sempre muito difícil, pois, corremos o risco de omitir alguma informação importante ou de, até mesmo, passar alguma informação equivocada devido à desatenção ou simplesmente falha de interpretação. É o risco que se corre... Resolvi escrever alguns artigos aqui no blog sobre uma grande personalidade do mundo do xadrez, considerado pela maioria dos jogadores como o "maior treinador da história". Trata-se do russo Mark Dvoretsky, nascido em Moscou, 1947.


                   Dvoretsky não era apenas um grande treinador, ele também era um fortíssimo MI, título conquistado em 1975. É bom citar algumas conquistas de Dvoretsky antes de obter o título de MI: Campeão de Moscou, 1973; quinto lugar (empatado) no campeonato soviético de 1974; campeão do "Wijk aan zee masters", 1975, além de uma excelente campanha do campeonato soviético neste mesmo ano. Tratava-se, claramente, de um MI com força de GM! Apesar de ser um jogador muito forte, Dvoretsky resolveu se afastar das competições (como jogador) e dedicar-se a desenvolver novos talentos através do que ele acreditava ser o melhor método para preparação de jogadores. A busca constante pela verdade enxadrística, a paixão pelas posições com poucas peças, os finais artísticos, eram características do método Dvoretsky. 
                   
                  Os resultados dos seus "alunos" rapidamente começaram a aparecer, ele tinha a fama de transformar os "fortes +2.200" em mestres rapidamente e os GMs em campeões!! Nada mal para um início. Para se ter uma ideia, já treinaram com Dvoretsky jogadores como Kasparov, Anand, Topalov, Bareev, Lautier, Van Wely, Svidler, Chekhov, Dolmatov, Dlugy, etc... Porém, sem sombra de dúvidas, quem mais se fez presente na vida de treinador de Dvoretsky foi Arthur Yusupov, que chegou a ser número 3 no ranking mundial e que nunca escondeu que atribui seu sucesso às sessões de treinamento que teve com Mark. 

                  Nessa primeira parte do artigo vamos mostrar um exemplo do método de treinamento utilizado pelo Dvorestky. Lembro que, ao tentar analisar essa posição, os sentimentos de angústia, frustração, raiva e alegria estavam todos, simultaneamente, presentes durante a busca pelos lances corretos e, apesar de ser uma posição "simples", aprendi demais com essa análise. 





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40...Rf3 A torre preta está bastante ativa. Sabemos que nesse tipo de final a atividade é o mais importante dos fatores já que a vantagem material das brancas está prestes a desaparecer. Aqui fica a questão: qual o plano das brancas para evitar a perda de seus peões centrais e/ou da ala da dama? 41.Rh2! A melhor opção! A ideia é criar uma fortaleza e ao mesmo tempo manter a possibilidade de invasão pela ala da dama após um possível "b4". Rxe3 42.Rd2 Rxg3+ Incrivelmente essa não é a melhor jogada, pois a torre preta abre mão de sua atividade e permite às brancas realizarem seu contrajogo. Vamos voltar esta jogada e seguir com as análises do Dvoretsky... 42...Re1+! Grande ideia! A torre preta agora vai ficar criando ameaças no campo branco e ao mesmo tempo restringindo a atividade da torre branca! Palavra chave nos finais de torre: atividade! 43.Kf2 Rb1 44.Kf3 Kf7 45.Kg4 Kg6 46.Kh4 Aqui temos outra situação importante de lembrar nesse tipo de final: Quanto menos espaço para avançar o rei adversário tiver é melhor para quem está se defendendo. Tem que ser levado em conta também os possíveis finais de peões e, para as brancas, um método defensivo para uma provável perda de seu peão "g". Essas transformações dos finais é que fazem com que essa parte do jogo seja tão difícil... 46.Rc2 46...a6 46...a5 47.Kg4 47.g4? Rh1+ 48.Kg3 Kg5 47...b6 47...a4? 48.Kh4 b6 49.Kg4 Rh1 50.Rc2 Rd1 51.Rc3 Rd2 52.b3 48.Kh4 Rc1 49.Kg4 Rh1 Zugzwang é sempre um plano nessas posições com poucas jogadas defensivas.. 50.b4 50.Rc2! Rd1 51.Rc3 Rd2 52.a4‼ Uma grande jogada! (e difícil demais de achar!) Totalmente paradoxal, pois, dará atividade ao adversário e deixa a própria torre passiva! Mas, as coisas não são tão simples em xadrez, ainda bem. 52.Rb3 a4! 53.Rxb6 Rxd3 54.Ra6 Kf6 55.Rxa4 Re3= 55...Rb3 52...Rxb2 53.Ra3 Rb4 54.Kh4 Kh6 54...Rb1 55.Kg4 55.Kg4 g6 56.Kh4 g5+ 57.Kg4 Kg6 58.Kf3 Kh5 59.g4+ Kg6 59...Kh4?? 60.Ra1 E vai levar mate... 60.Ra1= Por incrível que pareça essa posição é de igualdade!! O rei preto não pode se afastar muito do peão "g5" senão a torre branca vai atrás dele criando contra-chances, mesmo ao preço do peão a4. Atividade! 50.Kf3 Kg5 51.Kg2 Rb1 52.Kf3 Rf1+ 53.Kg2 53.Rf2? Rxf2+ 54.Kxf2 Kg4-+ 55.Kg2 a4 53...Rf6! 54.Rd1 54.Kh3 Rf3 54...Kg4 55.Rh1 g5-+ 50...Rb1 50...Ra1 47.Kg4 47.a4? Ra1 47...b5 48.cxb5 axb5 49.Rc2 Kf6 E aqui o branco precisa se preocupar com seu peão de "e4", por incrível que pareça, portanto 50.Rh4 não seria bom!! (Se afasta de e4!!) 50.Kf3 Kg5 Etc... Etc... Vamos voltar a partida principal. 43.Kf2 Rg4 43...Rh3 44.Kg2 44.b4 Rf4+ 45.Kg2 Rf7 46.Rb2 cxb4 47.axb4 b5 48.cxb5 Rb7 49.Ra2 Rxb5 50.Rxa7 Rxb4 51.Kf3 Rd4 52.Ra3 Kf7 53.Kg4 Kf6 54.Rb3 Ra4 55.Rb1 Ra3 56.Rf1+ Ke6 57.Rf3 d5 58.exd5+ Kxd5 59.Re3 Ra4+ 60.Kf5 Rf4+ 61.Kg6 Kd4 62.Rg3 Rf1 63.Kxg7 Um belo jogo, com muitos ensinamentos de finais de torres e de peões também! ½–½
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