Devido à quantidade reduzida de peças no tabuleiro nos finais de reis e peões a nossa análise, nessas posições, pode atingir um nível maior de profundidade do que em qualquer outro tipo de posição. A conclusão sobre a melhor jogada deixa um pouco de lado a compreensão e baseia-se quase que exclusivamente nos cálculos. Isso não quer dizer que os finais de reis e peões são fáceis, nada disso! Uma das dificuldades nesse final é a análise da posição anterior à ele, no meio-jogo. Como e quando entrar num final de peões? Essa é a questão. Um outro problema que o jogador enfrenta nesse tipo de final é saber quando devemos parar de calcular. Até onde vai nossa análise daquela posição...
No diagrama acima temos a posição crítica da partida entre Ljubojevic vs Browne, Amsterdã 1972. Jogam as pretas. Antes de seguir lendo as análises é recomendável tentar analisar por conta própria e em seguida comparar com o que aconteceu na partida (e também com o que deixou de acontecer).
O jogo seguiu com 1... f5??; 2.Rb4, Rd5; 3.Rc3, Re4; 4.Rd2,Rf3; 5.b4, Rg2, e ambos os jogadores promovem simultaneamente. É possível que, ao chegar a este ponto em sua análise, Walter Browne tenha concluído que a posição é, de fato, empate. Se o jogador das pretas tivesse analisado com mais cuidado (sem críticas porque ninguém sabe as condições em que estavam os jogadores nesse ponto do jogo: tempo, cansaço, etc..) certamente chegaria ao plano vencedor:
1...Rd5!; 2.b4 (se, 2.Rb4, Rd4; 3.Ra3, f5; 4.Rb2 [4.b4, f4; 5.b5, perde tanto com 5...f3, como também 5...Rc5], f4; 5.Rc2, Re3; 6.Rd1, Rf2; 7.b4, Rg2; 8.b5, f3 e as pretas coroam com xeque.)
2...,f5; 3.b5, f4; 4.b6, Rc6!
A jogada chave!! Este lance não impede que as brancas promovam primeiro, mas a promoção das pretas será com xeque numa posição decisiva!
5.Ra6, f3; 6.b7, f2; 7.b8=dama, f1=dama+, e as brancas abandonam.
(Se 8.Ra7, Da1# ou 8.Ra5, Da1; 9.Rb4, Db1, também vence.)
A manobra das pretas "Rc6-d5-c6" é bastante interessante. Na verdade, de acordo com Jonh Nunn em seu livro "Tactical chess endings", essa posição é idêntica a um estudo publicado por Grigoriev (Izvestia, 1928). Estudar problemas e "estudos de finais" é sempre bom!
Bom!
ResponderExcluirValeu, Edmilson! Abraço!
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