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sábado, 15 de abril de 2017

Partidas clássicas: Samuel Reshevsky vs Tigran Petrosian, Zurich, 1953

Existem centenas de partidas que podem ser consideradas "clássicas", talvez até milhares, já que algumas são assim consideradas de acordo com a opinião pessoal de cada um. Entretanto existem aquelas partidas que são unanimidades, que estarão eternamente guardadas na literatura enxadrística como modelos e que deram enorme contribuição ao desenvolvimento e compreensão do jogo. 

A partida a seguir é uma dessas jóias do xadrez e deve ser estudada por todos que querem evoluir tecnicamente no xadrez.






Reshevsky, S. x Petrosian, T., Zurich, 1953, 2ª rodada

1.d4 Cf6; 2.c4 e6; 3.Cc3 Bb4; 4.e3 0-0; 5.Bd3 d5; 6.Cf3 c5; 7.0-0 Cc6; 8.a3 Bxc3; 9.bc3 b6?! 

(em suas análises desta partida o genial David Bronstein diz que esse lance dá às pretas um caráter restringido na posição e sugere 9...dc4; 10.Bxc4 Dc7, ou até mesmo o imediato 9...Dc7)

10.cd5 ed5; 11.Bb2 c4; 12.Bc2 Bg4; 13.De1 Ce4!

("no caso de 13...Bxf3; 14.gf3 Ch5 as brancas tem a possibilidade de sistematicamente irem fortalecendo sua posição por meio de 15.f4, f2-f3, Df2, Tae1, Bc1, Rh1, Tg1, e3-e4 e assim por diante. [Bronstein])

14.Cd2 Cxd2; 15.Dxd2 Bh5; 16.f3 Bg6; 17.e4 Dd7; 18.Tae1 de4; 19.fe4 Tfe8; 20.Df4 b5; 21.Bd1!? Te7; 22.Bg4 De8; 23.e5 a5; 24.Te3 Td8; 25.Tfe1 ...

("À primeira vista, as chances das brancas são melhores. Elas tem o par de bispos, e embora o de b2 seja passivo, ele pode entrar em jogo via c1. A maioria de peões das pretas na ala da dama é efêmera, enquanto as brancas estão prontas para as atividades no centro. O lance de Petrosian pode parecer estranho (e ruim) para os jogadores não familiarizados com esta partida." [Kasparov])

25.... Te6!! (Kasparov, Bronstein)


("Esse sacrifício puramente posicional causou uma impressão inesquecível em mim" [Mikhail Tahl]. O lance é de fato incrível: a torre se entrega com o objetivo de bloquear o avanço do peão e e também para abrir caminho para o cavalo até d5. Entretanto, reflitamos sobre a posição e perguntemos a nós mesmos: porque, de fato, uma torre seria mais forte do que uma peça menor aqui? Afinal, a torre requer linhas abertas, necessita alguma coisa para atacar, enquanto as peças menores requerem pontos fortes e apoio dos peões. No caso em questão, há um encurtamento das linhas abertas, e não é mais possível impedir o cavalo de chegar a d5, onde será muito forte. Ademais, a partir de d5 o cavalo atacará o peão de c3, e se o bispo não manobrar para d2 ficará vegetando em b2. [Kasparov]) 

26.a4?! ...

(26.Bxe6 fe6?!; 27.Tg3 Ce7; 28.Tf1 Cd5; 29.Dg5 De7; 30.Bc1 Dxg5; 31.Bxg5 Tb8; 32.Bd2 Bd3; 33.Tf2, e as brancas estão melhores. No entanto, após 26.Bxe6 Dxe6! oferece melhores possibilidades.)

26... Ce7!; 27.Bxe6 fe6; 28.Df1! Cd5; 29.Tf3 Bd3; 30.Txd3 cd3; 31.Dxd3 b4!; 32.cb4 ab4; 33.a5 Ta8; 34.Ta1 Dc6; 35.Bc1 Dc7!; 36.a6 Db6; 37.Bd2 b3; 38.Dc4 h6; 39.h3 b2; 40.Tb1 Rh8; 41.Be1, empate. 

Uma grande partida, muito instrutiva e que merece ser estudada.






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